quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A Última Noite

    

Mergulho na noite e abandono toda angústia,
etéreo, nado no mar do devaneio,
projeto braçadas que retalham o ar,
flutuo e escarneço do meu passado rastejante.

Subjugo a gravidade e a leveza me inebria,
atrevido, desafio as leis da matéria,
sinto a brisa que afaga minha pele,
deslizo e venço as correntes dos meus impulsos inferiores.

Rodopio no vazio e sorrio de mim mesmo,
destemido, contraio e expando em espiral,
inspiro e lanço-me numa queda vertical,
resvalo a superfície do obscuro e decolo novamente.

Percebo múltiplas direções e invade-me a felicidade,
infantil, brinco com o tempo,
viajo num espaço que é somente consciência,
encontro com meu ontem e reconheço o meu amanhã.

Não acordo...

Acaba minha noite, última,
encontro a minha transição.
Chega minha hora, exata,
preparo a minha partida.
Alvorece meu dia, eterno,
celebro o meu despertar.


Tela: "Der Mond ist Guter Dinge", de Max Ernst

3 comentários:

  1. Adorei...o espírito livre que dança...a leveza que traz muita esperança...só que essa história de última noite tem que demorar bastante, hein?!! Muito pra fazer e celebrar aqui na Terra!!!!!!!!!!!!!

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  2. Oi Cassio, tudo bem com voce?? estou morando na Suiça, aqui bem longe... gostei do blog. também tenho um que conta um pouco desta aventura. www.outofboarder.blogspot.com . um abraço, Adri Quarck

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  3. Como é bom "celebrar o despertar" principalmente quando temos algo a ensinar e muito a aprender, grande abraço Cassio, nos vemos na próxima quarta.

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