Nascimento, crescimento, envelhecimento e morte
Grande ciclo, interminável espiral
Lucidez fugidia procura a realidade, encontra a ilusão
Consciência entorpecida anela o permanente, experimenta o transitório
Alma negligente desconhece a essência, obedece à aparência
Dolorosa visão...
Pernas trôpegas seguindo o devaneio
Braços trêmulos agarrando o efêmero
Mente alienada idealizando o aspecto
Engano vulgar
Apego impossível
Desejo infértil
Inexpugnáveis, os dias seguem
Obstinados, os instintos lutam
Abençoados, os tropeços ensinam
Cada passo, uma marca
Cada dor, uma linha
Cada superação, um sulco
Ocultar ou mostrar a marca
Rejeitar ou aceitar a linha
Transfigurar ou manter o sulco
Olvidar caminhos trilhados?
Depreciar obstáculos enfrentados?
Descartar êxitos conquistados?
No despertar da consciência...
Condicionado, o olhar se aprofunda
Descoberta, a sensibilidade se depura
Estimulada, a percepção se aguça
Toco marcas que me comovem
Resvalo linhas que me enternecem
Afago sulcos que me assossegam
Respeito todas as marcas
Admiro todas as linhas
Reverencio todos os sulcos
Imagem extraída da Tela: "Auto Retrato" de Lucien Freud
Lindas e sábias palavras.
ResponderExcluirPois pode-se arrancar e colocar um novo rosto,não adiantará, tão somente!
A beleza nasce, primeiro por dentro!
Os caminhos já percorridos, se com dignidade,e em Deus, as rugas talvez se atenuem na aparência! Tomara!
Esta consciência e aceitação das marcas que o tempo nos traz é, pra mim, a verdadeira beleza.
ResponderExcluirNossa imortalidade se expande no cosmos. E não nos cosméticos...
Continue, amigo, seus textos são muito bem vindos sempre!!!!!!