domingo, 24 de julho de 2011

A Espiral da Existência


O desprender da fagulha, semente latente,
inconsciente, rudimentar, dorme profundamente.
O dominar dos instintos, motor visceral,
repetitivo, incessante, age mecanicamente.

O desabrochar da individualidade, unidade ilusória,
racional, egóica, desperta parcialmente.
O construir da memória, realidade intangível,
progressiva, unilateral, acumula incessantemente.

O desenvolver da intelectualidade, consciência pessoal,
cética, altiva, elabora presunçosamente.
O cultuar da matéria, solidez aparente,
densa, perecível, impera capciosamente.

O hedonizar dos sentidos, sensação grosseira,
poluta, viciosa, comanda perversamente.
O idolatrar do eu, centro universal,
selvagem, umbilical, suga impiedosamente.

O aproximar da dor, aviso celeste,
paciente, preciso, sensibiliza amorosamente.
O desafiar da morte, transição necessária,
aterradora, implacável, questiona inexoravelmente.

O retratar do pensamento, lógica humana,
fenomênica, insuficiente, repousa sabiamente.
O eclodir da fé, certeza metafísica,
racional, pressentida, compreende espiritualmente.

O transcender da sensibilidade, intuição divina,
penetrante, absoluta, expande universalmente.
O emancipar do arbítrio, vontade transformadora,
sistemática, propulsora, purifica gradualmente.

O contagiar do amor, lei maior,
unitivo, compassivo, ilumina completamente.
O extasiar da união, essência única,
equilibrada, sublime, vibra harmonicamente.

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